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Comunicar é ser Igreja 

IDEIAS PARA O PROJETO IGREJA JOVEM PARA JOVENS!
1. A Comunicação ao serviço da Evangelização.
No começo do séc. XX, o poder industrial estendeu-se por todo globo terrestre. A colonização chegou ao seu apogeu. Desconhecidos pelo poder político, missionários de várias origens popularizam as novas formas de comunicação. A escrita ganha as tipografia e a voz supera as distâncias. O testemunho oral dos primeiros missionários, um pouco por todo lado, nas cidades e missões, ganha pequenas tipografias que imprimem, desde pequenos folhetos, até revistas, catecismos e livros. A realidade africana desconhecida, desde então, foi se tornando conhecida, pelos povos de além mar, graças ao esforço destes homens e mulheres que, em condições muito precárias como eram as do inicio do século, em quase toda África e em Angola em particular, foram os verdadeiros heróis partilhando sua vida.

2.A Igreja angolana
Em Angola, a Igreja acreditou na comunicação. As novas formas de comunicar fizeram nascer para todas as Dioceses da então província portuguesa - Angola colonial – um projeto de jornal impresso chamado “Jornal Apostolado”, em plena era colonial. O jornal foi crescendo sobrevivendo a ventos e marés e não lhe faltarem pressões e censuras do poder político, sobretudo às portas da independência que se consumou aos 11 de novembro de 1975.
Ao lado do jornal, nasceu a Rádio Eclésia que infelizmente teve uma história curta. A Emissora Católica foi crescendo e melhorando suas instalações e equipamentos técnicos. Ao serviço da evangelização, missionários de todo país e homens de boa vontade fizeram desses lugares espaços de cultura para a construção do homem.
Como o poder político acreditasse no poder de transformação da Igreja ajudada pelos meios de comunicação, viu frustrados seus interesses e chamou a si a responsabilidade de ser a única voz ao serviço da verdade. O Estado nacionalizou os órgãos de comunicação social que iam ganhando corpo em todo país. Nesta altura, a liberdade religiosa tornou-se um problema, como testemunha o magistério dos bispos na época:
“A igreja com tradição multissecular em Angola e profundamente enraizado na alma do povo que, em cerca 50% a ela aderiu ou dela recebeu cultura, não alimenta quaisquer ambição nem pretende privilégios, pois a sua preocupação é ensinar os homens a serem bons e úteis cidadãos esperando apenas ser respeitada e ter liberdade necessária para realizar os objetivos espirituais e religiosos que lhes são próprios” (Bispos de Angola aos 22.11.1976).
Em suma, depois de um período de grande florescimento, a Igreja angolana viveu 16 anos de silencio forçado e vigiado. Os meios de comunicação, como a única voz ao serviço da verdade, protagonizaram, na sociedade angolana, quer de um como de outro lado, a cultura da violência e da morte que se alastrou por mais de 25 anos de independência com fortes seqüelas no coração do homem angolano.
Cabe ainda salientar que a independência sonhada pelos angolanos não foi tão boa. Além de ter tornado os angolanos rivais de interesses ideológicos, uma coisa mais grave estancou e gangrenou profundamente o angolano: O ateísmo como opção política e social.
A Igreja não deixou de estar presente, protagonizou uma série de alternativas para manter a sua missão profética, através da ação direta junto das comunidades. Como testemunham os vários pronunciamentos do magistério que levaram ao primeiro acordo de paz, rubricado em Portugal, aos 30 de Maio de 1991.
A partir de então, a democracia viria a ser uma opção, já que os ventos do leste Europeu tinham derrubado o “muro de Berlim”. Em Angola, instaurou-se um programa inicial da democratização. O poder político – O Estado – decidiu devolver à Igreja o edifício das antigas instalações da Emissora Católica de Angola, um processo veio ser coroado com a visita do papa João Paulo II a Angola em 1992. A visita do Sumo pontífice, que mereceu a mais ampla cobertura dos meios de comunicação social, foi consignada como um verdadeiro Pentecostes, consagrando, assim, caminhos de uma democratização pluripartidária que daria lugar à liberdade de expressão, liberdade religiosa e o fim do monopólio da comunicação em Angola.
A Igreja que aprendera a estar presente, mesmo em tempos difíceis, saiu à frente, participando a obra da democratização do país e das liberdades individuais durante período eleitoral. Apelou convocou incentivou, mas o coração duro do homem, não ouviu a sua voz e um banho de sangue voltou ao país – a guerra na guerra pos-eleitoral.
Para todos efeitos, embora não fosse efetiva, a democracia já era uma conquista. Ao serviço do diálogo, a Igreja marca a sua presença social nos meios de comunicação social, com a instauração da sua mensagem na sua estação radiofônica, Radio Ecclesia. Com pouco tempo de vida e apenas com o sinal na Capital do país, Luanda, a Emissora Católica de Angola representa, entre outros valores, o valor da liberdade, democratização e pluralidade de idéias. O sinal da Rádio Católica, no projeto Nacional da Igreja em Angola, é ser presença nas demais comunidades diocesanas. A idéia está se tornando realidade sendo a mais próxima a Diocese de Benguela.
Terminada a Guerra, pois eleitoral, como se percebe no cenário político atual, a Igreja sabe que, fiel ao mandato do seu mestre, é a voz de esperança para milhares de jovens desavindos de um passado de sombras e morte. A exemplo da primeira comunidade dos Atos dos Apóstolos, a Diocese de Benguela precisa proclamar vibrante a alegre noticia que devolva a pessoa e ao jovem, em particular, a possibilidade de vida.
Como bom Samaritano, neste momento particular da história de Angola, a Comunidade Diocesana, chamou a si a responsabilidade de incentivar o projeto cultural pelo lançamento das ondas da Rádio Católica em ordem a evangelização nos mais diferentes níveis, o homem angolano nesta parcela do território angolano.

3.Benguela, realidade histórica, cultural e social.
A definição da sua realidade cultural e social vem-lhe da história que lhe é particular. Benguela foi encontrada pelos portugueses no século XV na pessoa de Diogo Cão que a criou com o nome de “Angra de Santa Maria” e que em 1592 se chamou de Benguela em virtude da sua costa na Baía de benguela. O péssimo clima desta região fazia desta zona um “açougue humano”. Por este motivo, criou-se pequena cidade da Catumbela às margens do rio com mesmo nome. Ali chegavam comerciantes vindos do interior, carregados com os seus produtos. Assim os que se deslocavam a Benguela faziam passagem pela Catumbela, visualizando o mar e aí se edificou a cidade do Lobito. O interesse comercial por Catumbela, e mais tarde Lobito cresceu tanto que elevou o nome de Benguela com a mais alta importância para toda Angola bem como para toda região austral da África.
Localizada no litoral de Angola, a sul de Luanda, Ostenta um dos maiores portos naturais da Costa Africana, na cidade do Lobito, onde parte uma linha féria que atravessa toda a África austral, fazendo ligação com quase todos os países da região. Este quadro justifica a sua variedade étnica e cultural. Com uma superfície de 49.920.000 km quadrados, estima a sua população entre 1.400.000, variada entre brancos, negros e mestiços.
As cidades costeiras de Benguela, Catumbela e Lobito na recente história do país, tornaram-se pontos populacionais dada à precariedade da vida no interior do país devido às guerras que se travaram em Angola e no continente, segundo as mais recentes estatísticas. A verdade deste surto populacional nas cidades que não parou de crescer, em mais de 25 anos de independência, sempre impôs uma série de inquietações pastorais no plano da evangelização, sobretudo às novas gerações. Por isso, convém conhecermos um pouco o ambiente religioso.

4.Perfil Religioso de Benguela
Acredita-se que metade da população em toda região de Benguela seja católica, dada a sua presença em quase todo território. Na região do litoral, em particular nas cidades apresentadas mais acima, a Igreja convive, além das confissões religiosas tradicionais (protestantes e evangélicos), também com novos movimentos religiosos (as seitas) que não param de crescer cada dia que passa. Com estratégia de exploração simbólica, os meios de comunicação de massa. Estes novos movimentos religiosos (as seitas), têm grande penetração no seio dos jovens com promessa de renovação pentecostal.
Em meio a tudo isso, está a Igreja Diocesana criada em 1970. No seu percurso de pouco mais que 30 anos, a Igreja é presença em toda superfície de 49.920 Km quadrados. Com seu bispo diocesano D. Oscar Lino Lopes Fernandes Braga, é hoje, em toda Angola, senão em toda África, a Igreja que mais cresce em vocações, fruto das suas opções no meio dos jovens. Em comunhão com a Igreja de Angola, nos tempos conturbados de sua história, viveu dois Congressos Eucarísticos I e II, buscando motivar a comunidade e a sociedade civil à causa da Reconciliação. Assim, em 1991 mereceu a visita do sumo pontífice, o Papa João Paulo II. Vivendo o Pentecostes, com a visita de Santo Padre, inspirou-se a vivencia de um Sínodo Diocesano que hoje está a caminho de ser concluído, como resposta atualizada ao imperativo da evangelização, no contexto atual.

5. Igreja Diocesana de Benguela e os Meios de Comunicação
A história da Igreja de Benguela inscreve-se no contexto da Igreja de Angola com as suas luzes e sombras. Pequenos projetos impressos motivaram a caminha que ainda se mantém no horizonte de um veiculo de comunicação. A História do informativo diocesano em Jornal revista “Novo Rumo” é um indicativo que marca a caminhada da Igreja de Benguela. Com uma tiragem de apenas 1000 exemplar, a preto e branco, é uma prova que ilustrar o desafio sempre novo que a comunicação e suas técnicas impõe aquela Igreja particular. Nestas circunstâncias, com olhar no Novo Milênio, a Igreja chamou a si a responsabilidade de ser a primeira, depois de Luanda a ter o sinal da Emissora Católica de Angola, que responsabilidade!
A adesão a esse tipo de experiência nasceu da necessidade que se feito sentir da crescente busca dos valores dos media por parte dos jovens. A importância dos valores eletrônicos no meio religioso um pouco por toda África tem sido protagonizada com as chamada “Igreja Eletrônicas” (seitas pentecostais), com uma proposta contrária à vida e aos valores evangélicos.
Na busca de experiências novas de vida e inspirada nas novas formas de comunicar, a igreja viu nos meios de comunicação de massa uma alternativa sadia para o contexto atual em vista a reposição do “ético”, do “cívico” e do “religioso” sob prisma da vida e esperança cristã.

6. Por que o Jovem?
Tendo por sujeito o Jovem, a Igreja diocesana privilegia as razões de ordem de contexto atual, combinadas com pilares antropológicas.

a)O momento em Angola parece apontar, para todos efeitos, paz definitiva. O jovem vive uma experiência de “aquartelado”, com ausência de qualquer oportunidade. Acostumou a ganhar a vida com arma na mão servindo, durante o conflito, o braço ideológico das partes. Valores como fraternidade, reconciliação e religião serviram o ódio e a propaganda política do irmão como inimigo. O sonho de vida suposto no cano de uma arma e na saída do projétil, desconhece qualquer projeto de vida. A violência nos centros urbanos para muitos destes jovens pode ser uma opção de sobrevivência. A Igreja não pode contemplar de mãos cruzadas. Chamada a ser a voz da esperança, se propôs o caminho de, pelos meios de comunicação, incentivar rumos de conquista ao lado dos jovens, com os próprios jovens.

b)Enquanto isso se constata por parte das novas sensibilidades religiosas, uma exploração desmedida dos valores simbólicos fortemente arraigados na alma africana. Sobre pretexto de atualidade e modernidade semeiam confusão, descrença aos valores universalmente aceites.


c)Apoiados na sua grande e valorosa tradição oral africana quer buscar auxiliada com várias experiências de Renovação Católica, valorizar e desenvolver o elemento simbólico da fé. Assim quer abrir caminhos para a evangelização na era da Comunicação, tendo a música à imagem o canto como recursos vivos de expressão.

d)O jovem trazido pela guerra de mais de 25 anos, na opinião da Igreja, é hoje um solitário, vivendo sombras da vingança. Acima de tudo é um homem sensível as novas experiências. Entende que a força é a medida, força de cuja experiência ele traz num passado que lhe é muito presente. Como todo africano este jovem percebe-se no horizonte simbólico em que ele se vê como ator e protagonista. Canta quando quer falar e chora quando quer ouvir. No confronto com outras experiências que lhe são estranhas, ou exterior, busca modelos de comportamento. A palavra falada soa-lhe como uma imagem e tem um significado modular e plastico, por isso dramatiza.

CONCLUSÃO
Este jovem não ouve música, escuta a música. Na palavra escrita busca sentido na ilustração viva de cores da imagem e quando esta está ausente, volta-se para a oralidade. Para ele a música é muito mais que palavras que passam uma mensagem, é mensagem que se recebe e se percebe no conjunto de acordes e efeitos capazes de produzir e reproduzir o real na sua alma. Por isso a música, o canto são imagens que celebram suas experiências vitais e propõe compreensão dos valores que o envolvem pessoalmente.

Jovem para Jovens
O projeto comunitário “Jovem para Jovens” é uma aposta social e evangélica suscitada pelos desafios da Igreja Católica em Benguela. Considera o jovem como ator da própria libertação pelo canal imediato do que lhe é natural a música, o canto, a imagem e outros ambientes sociais na vida urbana e comunitária.
A idéia de uma gravadora, aparelhos de som para eventos de rua e produtora de impressos para catequese podem ajudar a que o sonho pastoral da Emissora Católica de Angola que nos próximos dias é uma realidade junto da comunidade seja um fato. A grande opção neste projeto é o jovem, como agente de transformação e protagonista de valores, como a produção de seus trabalhos, superando a incomunicação das sociedades eletrônicas que geram desníveis na participação social.
Por outro lado, pelos meios de comunicação, a Igreja acredita poder renovar o modo de apresentar sua mensagem e ser mais credível a cultura e sociedade hodierna. Como em toda parte também em Benguela as novas tecnologias não deixam de constituir um desafio, criando um grande impacto sobre a fé. A boa nova de Jesus que deu origem a Igreja missionária no Espírito Santo de Deus presente em Benguela entende que não está isolada do mundo. Acredita que sua missão e comunicar a verdade ocupando espaços novos de serviço a justiça e ao reino de Deus.
Por
Quintino KANDANDJI, pe
e-mail: quintinokandandji@gmail.com

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DIOCESE DE BENGUELA