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Dom Emílio Sumbelelo defende que para a preparação das próximas eleições legislativas é necessário “que o voto seja livre e secreto”, sem qualquer “coação física nem psicológica”, de modo a contribuir para o “bem comum da nação”. O Bispo é titular da comissão Episcopal da Justiça e Paz e ajuda o sentido do voto de "Qualidade" da mensagem da Conferência Episcopal de Angola (CEAST).
O Bispo do Uije falou ao Jornal diocesano Novo Rumo
Novo Rumo (NR): O que motivou os Bispos a emitir uma Carta Pastoral sobre as eleições?
Dom Emílio Sumbelelo: Muito obrigado pela oportunidade que me é dada, para falar sobre a nota pastoral que saiu do nosso último encontro. Aquela nota, se bem esteve atento, trata do voto e é subdividida em três partes: antes das eleições, durante as eleições e depois das eleições. Para cada período há uma chamada de atenção que a Conferência Episcopal faz. No período antes das eleições, pedia-se que o voto fosse feito consciente e responsavelmente. É preciso que os cidadãos que são chamados a eleger conheçam de antemão os programas de governo de cada partido e pedia-se que os partidos explicassem ao povo qual é o seu programa. Isto, naturalmente, exige por outro lado que haja acesso aos meios de comunicação. Um outro aspecto que aparece na carta, é a chamada de atenção sobre a forma como devem ser feitas as próprias eleições: com o mesmo civismo e com a mesma responsabilidade que já caracterizaram as eleições anteriores. Indo à pergunta sobre o que motivou os bispos a fazerem sair aquela nota pastoral, primeiro, não saiu só referida nota, houve também uma mensagem, naturalmente, mais de carácter pastoral que apontava para a preparação e a vivência do Ano Paulino. Como sabe, os bispos são pastores do povo. Eles preocupam-se com tudo aquilo que diz respeito ao povo. Para um evento tão importante na vida da nação, os pastores atentos também às diversas situações, não podiam deixar de emitir uma nota pastoral acautelando e preparando o povo. A nota saiu. Há comissões indicadas para trabalhar, sensibilizar, estudar e seguir de perto a mensagem. E uma dessas comissões é a Comissão Justiça e Paz. Portanto, fundamentalmente, motivou-nos a preocupação pastoral. Somos pastores e o povo tinha que se preparar para um evento tão importante e tínhamos de dizer uma palavra esperando que tudo venha correr da melhor maneira.
NR - Os bispos dirigem o seu apelo ao povo mas, naturalmente, também aos próprios políticos sendo estes os principais responsáveis?
DOM EMILIO A nota é dirigido aos cristãos e aos homens de boa vontade. Também estão incluídos os políticos, aqueles que estão a frente dos partidos ou são os protagonistas nas próximas eleições. Uma das coisas que se pede aos partidos é que depois das eleições aquele que ganhar seja fiel àquilo que prometeu durante a campanha eleitoral. E quem perder, saiba perder com dignidade e na oposição saiba contribuir para o avanço da própria nação. Portanto, a carta é dirigida também aos próprios políticos.
NR Outra questão é o modo como a Igreja intervém neste processo. O Sr. Bispo referiu-se ao louvável trabalho da Comissão Justiça e Paz. É através desta Comissão que a Igreja contribuirá para explicar às populações mais simples, nas pequenas comunidades, o que se tem ouvido nos discursos mas que não alcança a compreensão de todos?
DOM EMíLIO A Comissão de Justiça e Paz é um dos braços da própria Conferência Episcopal. Talvez, seja a Comissão mais vocacionada para estes problemas. Para melhor preparar as pessoas. A Comissão vai tentar traduzir em actos, conferências ou encontros o conteúdo e mais outros assuntos que tem na sua agenda. Naturalmente, isto não tira a iniciativa de cada diocese fazer chegar ao povo aquilo que os pastores têm no coração e querem para os fiéis e para a própria nação.
NR A nota dos bispos apela a votar nas pessoas. Ora isto requer que se conheçam quem são essas pessoas. Será que as populações pouco esclarecidas, que são a maioria em Angola, têm esse conhecimento?
DOM EMILIO. Primeiro, a Igreja não vai dizer que votem neste ou naquele partido. A Igreja vai, simplesmente, sensibilizar as pessoas naquilo que é do seu âmbito, a terem consciência do acto que vão realizar. Que tenham em mente sobretudo o bem da própria nação e que se preocupem, antes de tudo, com o bem comum. O voto é da responsabilidade de cada um, como aliás, é sabido que o voto é secreto. Sobre a população pouco ilustrada, eu acho que a nossa gente mesmo que não tenha uma escolaridade bastante elevada sabe distinguir. Basta esclarecer e indicar, as pessoas sabem usar o bom senso. Mas através de palestras e encontros vai-se tocar nalguns aspectos próprios que são matéria do âmbito da Comissão Justiça e Paz. Sem imiscuir-se, naturalmente, nos assuntos políticos de cada partido. Nós vamos respeitar o programa de cada partido e nas nossas comissões de Justiça e Paz vamos chamando atenção sobre a importância do voto e do que vem depois do voto, sendo que temos de ter em conta o bem da nação.
NR É isto que significa, na expressão dos bispos, “o voto de qualidade”?
DOM EMILIO Sim. Isto é o voto de qualidade. Quando se diz voto de qualidade, nós queremos dizer muitos aspectos. Em primeiro lugar que seja um voto esclarecido. Se temos diante de nós tantos programas que os partidos apresentaram para o melhoramento do país então diante deste quadro devemos ver o que é melhor para a nação. Este é um dos aspectos. Depois também para que isto seja possível, as pessoas têm de ter possibilidade de ser informadas sobre isso. Nós dissemos que não é justo que uns partidos tenham acesso aos meios de comunicação e outros não, porque quem fica penalizado é o povo que não saberá este tal quadro amplo que o ajude a ter um voto límpido e concreto. Outro aspecto é que não haja coação psicológica ou física. Cada pessoa vote livre e conscientemente. É o que nós queríamos classificar como “voto de qualidade”.
NR Referiu-se a um aspecto importante sobre os meios comunicação social. A carta dos bispos fala da liberalização desses meios. Quereriam dizer que os órgãos de comunicação sejam livres na sua expressão e transmissão de conteúdos ou defendem a necessidade de haver mais órgãos de comunicação social de iniciativa privada?
DOM EMILIO Quereríamos dizer simplesmente que o tempo de antena reservado aos partidos em todos os meios de comunicação social do Estado seja igual, (inclusive nos noticiários)

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