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Núncio Apostólico pede mais evangelização da cultura em Angola 

No fim da sua missão em Angola e depois de anunciada a sua transferência para Honduras, o Núncio Apostólico, Dom Novatus Rugambwa concedeu, no dia 17 de Abril, uma entrevista ao Novo Rumo, Jornal de actualidade religiosa da Diocese de Benguela. O Núncio falou da sua experiência dos 5 anos em que esteve ao serviço da Santa Sé no nosso País, e defendeu que a Igreja aposte na evangelização da cultura e das mentalidades pouco cristãs. Nesta página publicamos o resumo dessa entrevista.

Novo Rumo – Sr. Núncio Apostólico, foram 5 anos ao serviço da Santa Sé em Angola e parte agora para uma nova missão. O que tem a dizer sobre este tempo?

NA – Foi um momento de muito empenho e muito trabalho. Sobretudo a Igreja local trabalhou muito e também cada fiel. Os bispos, sacerdotes, os leigos, crianças e jovens, todos trabalharam para que a obra evangelizadora possa continuar. E assim a missão de Cristo continue a ser realizada neste país.

NR – Durante este tempo houve necessidade da nomeação de novos bispos para algumas dioceses como Namibe, Ondjiva e Dumdo. Mas ainda há necessidade de mais novos bispos para outras dioceses…

NA – Sim, como é de costume, temos sempre necessidades dos que chegam a exercer o ministério sacerdotal, que ajudem as comunidades cristãs a crescer e cheguem a se fortalecer e também a empenhar-se ainda melhor segundo os métodos de evangelização para que a missão de Cristo possa ter frutos desejados.

E assim, as dioceses que acaba de mencionar são sinal disso mesmo. Temos que trabalhar com toda a Igreja, segundo o Direito Canónico e segundo a tradição eclesial, tivemos que trabalhar para obter novos pastores. Não somente nestas três dioceses, mas tivemos também o bispo auxiliar de Luanda e o bispo do Sumbe. É normal, porque a Igreja não pode ficar sem pastores. Por exemplo quando há necessidade de fazer divisão duma diocese como Benguela e Namibe ou como foi Luanda e Caxito, por necessidade pastoral, a Santa autoriza… para que cada pessoa tenha a possibilidade de acesso aos serviços espirituais da Igreja; serviços sociais das pessoas e tudo o que a Igreja faz.

NR – Durante a sua missão em Angola, certamente, visitou todas as dioceses ou pelo menos muitas delas. Que Igreja viu e como a considera quanto à prática cristã?
NA – A prática cristã é sempre um problema, que o ser humano cristão possa viver o que crê. Isto é a luta que acho que cada cristão faz; encontramos muitos obstáculos como no que concerne à cultura nossa perante a invasão dos nossos territórios em todos os países. Acho que em Angola há muitos esforços para que os cristãos possam verdadeiramente viver segundo o nosso credo. Como digo, não é fácil, mas também não é impossível. Aqui, por exemplo, segundo também as mensagens do Concílio Vaticano II, estamos a evangelizar a cultura e as coisas da cultura que não vão segundo o Evangelho de Cristo têm que ser evitadas. Por isso, tem que se evangelizar a cultura. Temos o problema da feitiçaria como sabemos, mentalidade um bocadinho menos cristã, no que concerne à vida familiar e matrimonial. Temos também coisas modernas, aumenta a tendência de muitos deixarem a religião ou de pensarem que cada grupo e cada culto é igual ao outro, assim esquecendo o facto de que o cristianismo tem o único salvador, Cristo, que não é igual a cada um que funda uma religião. E tudo isto também conta com o relativismo da vida quotidiana. Tudo isto tem que ser muito bem estudado para que a Igreja possa ajudar todos a abrir os olhos e seguir o Evangelho autenticamente como Cristo desejou.

NR – Em Julho de 2014, visitou a Diocese de Benguela e os cristãos aqui sentiram enorme satisfação e alegria de o receber, acolher a sua mensagem e ouvir os seus ensinamentos. Agora parte para uma nova missão, qual é a mensagem que deixa aos cristãos de Benguela e aos seus pastores?
NA – Naturalmente, um agradecimento profundo a tudo aquilo que se faz e se fez no passado, favorecendo o desenvolvimento da fé. E agradecendo não posso esconder a minha admiração de como, embora todos os obstáculos contra a fé em Cristo e contra a Igreja, mas o povo continua a viver e se esforçar a uma prática autêntica da própria fé em Cristo. Não posso esquecer o calor e a sua adesão à Igreja Católica, à pessoa do Santo Padre, tudo o que se manifestou durante a minha visita a esta porção do povo de Deus. Os nossos encontros com todos os sacerdotes, religiosas, leigos, catequistas, responsáveis dos movimentos, jovens e crianças foi uma coisa maravilhosa. Não posso esquecer as nossas missões em Benguela, Lobito, os encontros na Catumbela, nas duas paróquias, e todas as partes da diocese.
Como disse antes, acho que agora é o momento de aprofundar esta fé, vive-la sempre procurando a plenitude da promessa de Cristo que é a nossa Palavra.

NR – Angola foi a sua primeira missão diplomática como Núncio, missão essa que agora termina. Como foi esta experiência e o quê que espera encontrar em Honduras?
NA – Aqui encontrei e deixo uma Igreja que está a se desenvolver, uma evangelização que podemos considerar de aprofundamento e fortalecer esta adesão dos cristãos à Palavra e ao evangelho de Cristo.
Vou a Honduras onde também farei o mesmo trabalho. Neste sentido, considero que os anos de evangelização em Angola e naquela zona da América Latina, embora não seja o mesmo, mas não está muito longe. Então, encontramos em todas estas zonas, nos dois países, uma Igreja antiga e ao mesmo tempo nova. É assim que temos que “combater” todos os obstáculos que a Igreja enfrentou durante a primeira obra da evangelização e como também durante a segunda evangelização. Neste sentido acho que Angola e Honduras estão próximos. Ao mesmo tempo, podemos dizer que em Angola temos uma população maior e o território também é maior. Isto, por um lado, complica e dá um bocado de diferença na transmissão da mensagem evangélica. Por exemplo, o papel dos catequistas acho que aqui é maior e mais dignificante. O país para onde vou é um território relativamente pequeno. Há estas diferenças também geográficas, mas no fundo é quase a mesma coisa, é o mesmo terreno, e assim vamos caminhando; como pastores temos que ter o método melhor. Oxalá que depois de ter uma experiência em Honduras, poderei responder a esta pergunta melhor.

NR – Muito obrigado, Sr. Núncio Apostólico, por estas palavras e que Deus abençoe esta nova missão.

NA – Agradeço os vossos serviços e a todos os fiéis da Diocese de Benguela, à Igreja toda de Angola…e que todos continuem a praticar a fé. Que o Senhor continue a abençoar cada um de vós para o maior empenho e para obter maiores frutos da evangelização. 
Muito obrigado.

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