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Polémica e escandalo em Angola 

From CORNÉLIO BENTO (Jornalista da Ecclesia em Luanda)
O director geral da Organização das Nações paraEducação, Ciência e Cultura (UNESCO), Koitchiro Matsuura, disse que a indicação do traficante de armas francês, Pierre Falcone, como ministro conselheiro da missão de Angola, colocou em risco a reputação daquela organização mundial. Num comunicado, Koitchiro afirmou ter convocado os embaixadores de Angola e da França junto da UNESCO para lamentar a recente indicação pelo governo de Luanda de Pierre Falcone, o principal suspeito do maior escândalo do tráfico de armas em França. Matsuura acrescentou que tinha tomado nota das explicações do embaixador da Angola junto da UNESCO, Jorge Sanguende, dando conta que a indicação de Falcone tinha sido feita pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, João Miranda, e que a mesma depende da “total soberania de Angola.” Curiosamente, a página de Pierre Falcone na internet abre com uma citação do Presidente angolano, referindo-se aos préstimos do empresário em prol da soberania nacional. As únicas fotos disponíveis no site, são precisamente as de Falcone e José Eduardo dos Santos, já que as demais, apesar de anunciadas , como por exemplo da sua família e residência no Arizona, estão fechadas. Sobre o empresário francês continuam a chegar a imprensa internacional mais revelações sobre a sua vida privada e empresarial. Pierre Falcone é apontado como um homem com negócios na Europa do Leste, em África, no Médio Oriente na América Latina. Com 46 anos de idade, Pierre Joseph Falcone possui em Londres uma sucursal da sua empresa, a Brenco Limited o que para alguns analistas explica a sua passagem pela capital britânica. Tem outra filial na Colômbia, a Brenco Coren AS- Bogotá que está sob investigação das autoridades colombianas por ligações contratuais com a companhia francesa- SOFREMI- que por sua vez está sob alçada policial por crime de burla na venda de equipamentos de transmissões. Na Colômbia, de onde sua mãe é originária, Falcone celebrou ainda outros contratos com entidades estatais e adquiriu parte de um grupo de hotéis. Quando a imprensa francesa trouxe a lume a notícia que deu conta da entrada de Falcone para a UNESCO tinha sublinhado que o posto lhe garantia imunidade diplomática.
Falcone está sob investigação por alegada compra de aviões e de outras armas para o governo de Angola num valor calculado em mais de 600 milhões de dólares durante a guerra civil angolana num negócio que ficou conhecido por “Angolagate”. A Brenco Internacional, propriedade de Pierre Falcone, foi recentemente convidada pelas Forças Armadas Angolanas a participar num concurso limitado para fornecimentos de meios logísticos. Em Angola, Falcone possui ainda interesses no bloco petrolífero 33, através da Falcone Oil. Em certos círculos políticos em Luanda, admite-se que a saída de Paris do traficante de armas terá tido a complacência de altos dignatários franceses, igualmente envolvidos no mesmo processo. Nesses círculos acredita-se que a nomeação de Pierre Falcone como ministro conselheiro de Angola junto da UNESCO faz parte da estratégia de fuga e foi uma forma de responder a alegada pressão que a parte francesa envolvida no escândalo “Angolagate” terá feito sobre as autoridades angolanas. A venda de armas que teve lugar no decurso de ano de 1994 era uma violação as sanções da ONU e Falcone cumpriu um curto período de tempo de prisão em França como resultado de uma investigação que mexeu com altas esferas da vida pública francesa. Com efeito, o ex-ministro francês, Charles Pasqua esteve envolvido no negócio de armadas traficadas para Angola tendo recebido dinheiro de recompensa pela sociedade Brenco de Falcone. Outros arguidos do mesmo processo foram sucessivamente, Jean Chrisphe Miterrand filho do antigo presidente da França, François Miterrand , e um general francês cuja identidade não havia sido revelada, entre uma longa lista de outras pessoas.(VR) Este é apenas o percurso de uma novela que ainda dará muitos capítulos para ver, para consumir e analisar.

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