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MENSAGEM PASTORAL POR OCASIÃO DA SEMANA DIOCESANA DA FAMÍLIA 

 

“Amor em família: vocação e caminho de santidade”


 Amados diocesanos,

 


“A alegria do amor que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja”. Estas são as primeiras palavras da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, que constituem uma mensagem, mas também um apelo do Santo Padre Francisco para que a Igreja saiba anunciar, especialmente aos jovens, a beleza e a abundância das graças do sacramento do Matrimónio e da vida familiar. É um convite a formar e acompanhar os jovens para que não só compreendam, mas experimentem a presença do Senhor no casal e assim, como diz o Papa Francisco, possam amadurecer a certeza de que no seu vínculo está a mão de Deus.

“Amor em Família: Vocação e Caminho de Santidade”, foi o tema escolhido pelo Papa Francisco para o passado Encontro Mundial das Famílias, que se realizou em Roma, de 22 a 26 de Junho do ano em curso. É também a mesma temática que vos proponho para que sirva de fio condutor da nossa semana maior dedicada à Família, a decorrer de 3 a 10 de Julho de 2022, em todos os Arciprestados da nossa Diocese.

Tal como a Jornada Mundial da Família procurou destacar o amor familiar como vocação e camimho de santidade, para compreender e partilhar o sentido profundo e salvífico das relações familiares na vida quotidiana; assim também, a noss Igreja diocesana,  atenta aos sinais dos tempos e ao dinamismo pastoral eclesial hoje, há-de empenhar-se para que a família se esforce em construir pontes entre as gerações; preservar a esperança no futuro, ser vanguarda da sacralidade da vida; ser instrumento de misericórdia, profetas da fidelidade e da providência de Deus; e testemunhar Jesus na própria vida.

Embora se viva ainda alguma limitação imposta pela pandemia da Covid 19, o retorno à normalidade deve empenhar-nos a todos. É, sem dúvida alguma, na família, génese da sociedade e célula da humanidade, primeiro lugar da experiência de fé, onde tudo virá a recomeçar.

A “sinodalidade e a Igreja doméstica” e “o acompanhamento nos primeiros anos do casamento”, como mística para os novos tempos para constituir comunidades de famílias persistentes, fundamentam a acção prioritária da dinamização da pastoral familiar. Neste contexto, a caminhada sinodal proposta ao mundo católico como “novo pentecostes”, qual escola da escuta do Espírito Santo, é um momento oportuno para renovar a nossa identidade, levando-nos à consciência participativa e a abraçar a missão da Igreja de anunciar o Evangelho com ânimo renovado.

1.      Vocação e família

Deus nos fez filhos seus pelo sacramento do Baptismo. Dentre os baptizados, alguns são chamados a dar a Deus a sua existência através de uma consagração sacerdotal ou religiosa; outros a dar-se ao Senhor no sacramento do Matrimónio. Porque a vida matrimonial também se configura como uma vocação, como um convite de Deus que os une (Cfr Mt 19, 6) numa Igreja sinodal, comunhão, participação e missão.

O Matrimônio é a resposta a um chamamento. Este convite requer, da parte dos esposos, um acolhimento contínuo dessa mesma graça que, recebida diariamente, faz com que os cônjuges aprendam gradualmente, com tenaz perseverança e humilde paciência, a amar como Jesus ama. É reconfortante saber que, apesar dos desgastes e dos momentos de dificuldade, a presença de Cristo é sempre um apoio indispensável e um conforto incomparável. A Sua Voz, acessível na Palavra, não cessa de chamar, de consolar e encorajar a prosseguir nesse caminho.

Que a família é a base da sociedade, nós já sabemos; que ela é alicerce e primeira escola na vida de qualquer ser humano, também é sabido. Todavia, o que se espera é que ela seja a primeira escola da vida e da fé.

2.      Chamados à santidade!

Santidade, ensina a Igreja, é a vocação a que somos todos chamados. A que é chamada a nossa família?  Uma família nasce quando um homem e uma mulher, atentos à sua vocação divina, decidem começar juntos uma experiência de vida comum, sustentados pela graça de Cristo. Quando isso acontece, a vida conjugal, rica em novidades e novos desafios a enfrentar, torna-se para os cônjuges, conforme diz o rito do Matrimónio, novo caminho para a santificação e, por consequência, um percurso privilegiado para a santidade.

A santidade é uma vocação para todos: “Pois sou eu, o Senhor, o vosso Deus. Fostes santificados e vos tornastes santos, por que eu sou santo” (Lv 11, 44). Neste sentido, se a exortam os cônjuges e seus filhos – toda a família – a viver em contínua busca de santidade.

 

3.       Família de Nazaré, modelo do amor matrimonial

     

Observando a família de Jesus, Maria e José, cada família pode redescobrir a sua vocação, pode começar a entender-se um pouco mais, orientar-se no caminho da vida e sentir-se atraída pela alegria do Evangelho.

É importante não esquecermos que o Filho de Deus feito homem viveu por muitos anos no seio de uma família humana normal e humilde. Pois é justamente nas realidades humildes e normais que o Senhor deseja entrar e habitar. Hoje, na nossa humilde e normal existência, sob o modelo da pequena Nazaré, composta por uma aldeia, uma rua, um bairro, um sector, pode tornar-se o lugar eleito por Deus como morada do Seu filho Jesus. Ninguém deve sentir-se excluído desse grande e surpreendente dom!

Portanto, o tempo que Jesus viveu em Nazaré, no seio da Sagrada Família, ilumina de um modo novo a vida de cada uma das nossas famílias: o ritmo quotidiano da vida, aparentemente insignificante e sem sentido, pode-se traduzir numa nova forma de realizar a chamada específica da família: tornar o amor a essência da família. Aliás, nenhuma outra escola pode ensinar o amor autêntico, genuíno, alcançável e convincente como uma família. Trata-se, finalmente, de promover a dignidade do matrimónio e da família (Cfr. GS 47-52).

4.      Pais e mães gerando e protegendo a vida

Como sabeis, a CEAST dedicou o presente pastoral triénio à refelexão sobre as crianças, as preferidas de Jesus. A aposta no cuidado das crianças lança as bases de um futuro seguro. Fazer com que sejam salvaguardados os direitos fundamentais das crianças, sobretudo as mais necessitadas e desfavorecidas, não é apenas um dos objectivos do plano de pastoral trienal como também o dever de todo cristão.

O caminho para a santidade, quando tomado por um pai ou uma mãe, passa pelo crescimento do amor recíproco e do amor que dão aos filhos. A vocação à maternidade ou paternidade consiste em partilhar com Deus o poder de um amor que gera vida na carne e no espírito. É um projecto que durará a vida inteira e em todas as circunstâncias. O amor de um homem e de uma mulher é sempre fecundo, mesmo quando não têm filhos ou quando os pais ficam velhos. Com efeito, os cônjuges sempre podem gerar filhos de Deus. É a força de um amor que gera vida.

Portanto, a primeira necessidade é precisamente esta: que os pais estejam presentes na família. Que se encontrem para compartilhar tudo, alegrias e dores, dificuldades e esperanças, orações e obras de caridade. Os pais devem estar presentes sempre, o que não significa ser controlador, porque os pais demasiado controladores anulam os filhos e não os deixam crescer. Ser pai não significa somente colocar um filho no mundo, mas é também uma escolha de vida. Uma sociedade sem maternidade e paternidade responsáveis seria uma sociedade desumana e desestruturada; sem valores religiosos e culturais.

5.      Fomentar a vocação e a preparação para o matrimónio

Uma das lamentações frequentes prende-se com a não persistência de muitos dos nossos casais. Não são poucos os casos de casamentos fracturados e desarticulados. A nossa reacção não deve limitar-se em contemplar o fracasso de uma obra que pecou nas fundações, nos alicerces. É chegada a hora de revigorar a pastoral vocacional familiar, sua preparação e acompanhamento.

Trata-se de preparar o terreno, de começar a trabalhar com crianças, adolescentes e jovens, lançando sementes cujos frutos serão colhidos nos próximos anos.. Uma rápida preparação dos noivos, pouco antes da celebração do rito, já não é suficiente, hoje em dia, para que a Igreja possa cuidar verdadeiramente daqueles que o Senhor chama a casar e a construir uma família cristã.

Cada uma das vossas famílias tem uma missão a cumprir no mundo, um testemunho a dar. De modo particular nós, os baptizados, somos chamados a ser «uma mensagem que o Espírito Santo extrai da riqueza de Jesus Cristo e dá ao seu povo» (Francisco, Exort. ap. Gaudete et exsultate, 21). Por isso, proponho-vos que pergunteis  vós mesmos: Qual é a palavra que o Senhor quer dizer, com a nossa vida, às pessoas que encontramos? Que «passo mais» pede hoje à nossa família? Melhor: à minha família, pois cada um deve interrogar-se sobre isto. Que nos pede o Senhor que façamos para com as famílias desestruturadas, separadas e/ou desavindas? E que espera Ele que façamos para com as crianças e adolescentes, vagueando pelas ruas das nossas cidades e bairros sem famílias, sem lar, sem escolas mergulhados no mundo da criminalidade?

 Colocai-vos, pois, à escuta do Evangelho e do Espírito. Reflecti e deixai-vos iluminar e guiar por Ele no caminho da salvação, para vós e para todos. Deixai-vos transformar por Ele, para que também vós possais transformar o mundo e torná-lo «casa» para quem tem necessidade de ser acolhido, para quem precisa de encontrar Cristo e sentir-se amado. (cfr. Papa Francisco, Discurso para a X jornada mundial da Família 2022, n.5).

 

Sagrada Família de Nazaré, Jesus Maria e José, abençoai a nossa Família! (Papa Francisco)

Jesus, Maria e José, em Vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor,
confiantes, a Vós nos consagramos. Sagrada Família de Nazaré, tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado seja rapidamente consolado e curado. Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do carácter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no projecto de Deus.

Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica.

Ámen.

 

Benguela, aos 29 de Junho de 2022, Solenidade dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo

 

        O vosso Bispo

+ António Francisco Jaca

 

 


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DIOCESE DE BENGUELA